apenas talvez seja o caso

talvez, apenas talvez
seja o caso de jamais quebrar-me o coração
dos recipientes da alma
nele que guardo-te
mesmo quando fechado
inacessível, morto em subutilização
ainda assim, presas dentro de si
moram nossas memórias
as malfadadas
e aquelas de boa luz
nos é claro que lá ficam
e o estilhaçar será nossa ruína
pois que na liberdade pós-destruição
vagarão soltas todas elas
enganar-nos-à que desta forma alcançamos plenitude
embora elas pareçam belas no esvoaçar
não se fazem sentir ao estarem sós
umas ao norte
outras ao sul
bem longe entre si
valor que carregam sob o molde de nossas vidas
existe apenas na junção daquilo que ocorreu
de cada em cada
uma
após a outra
e depois mais uma porção
lacremos o pote, o músculo
a sustentação do nosso amor
deixe-o quieto
escondido que seja
mas não o quebre
que quando quebras
não se abre, não se escolhe
vê-se e é só
elas vagarem
caírem
inutilizam as chaves dos nossos corpos
que sabemos
pertence-nos
e sempre a nós
pertencerá